Os rapazes tendem a ser educados para não mostrar emoções. É considerada uma fraqueza para os mais pequenos demonstrar fraquezas e inseguranças. E não são só os pais. Por parte das mães, esta ideia de «homem forte» pode levar a comentários sexistas. Deixe o seu filho expressar o que está a sentir. É uma altura de crescimento, de aprendizagem, não o castre com comentários como «és muito sensível». Ele pode sentir-se envergonhado e passar a esconder os sentimentos no futuro.
Chorar faz parte do crescimento. Por dor, por frustração, por birra e até por alegria. Dizer que os rapazes não choram é uma ideia preconcebida grave que deve ser erradicada. Está a formar homens que vão recalcar os seus sentimentos. Não é isso que quer, pois não?
Ainda existe uma divisão na forma como as crianças têm de se vestir, comportar ou brincar. Se uma rapariga corta o cabelo curto, gosta de roupas largas ou de jogar futebol, é «maria-rapaz». Se um rapaz deixa crescer o cabelo, dança ou brinca com bonecas, é «efeminado» e por aí fora. Se o seu filho tem gostos tão distintos como jogar à bola e brincar com bonecas, porque rotulá-lo? As crianças e adolescentes devem ter liberdade para explorarem e se expressarem sem restrições.
Como na frase anterior, esta divisão por género do que as crianças podem fazer é redutora. Se a sua filha quer dedicar-se ao futebol, ao boxe, seja a que desporto for, deixe-a explorar esse desejo. Numa altura em que as mulheres continuam a lutar pela igualdade de género, não queira que a sua filha pense que não pode fazer o que gosta. Dê-lhe todo o apoio e seja o primeiro a torcer durante os jogos.
Mais uma frase relacionada com o desporto que deve evitar a todo o custo. Quando um rapaz está a jogar mal, existe a tentação de lhe gritar «estás a jogar como uma rapariga». Existe até a campanha #Likeagirl que contraria exatamente esta ideia. Pare de associar uma performance fraca a uma performance feminina. Não podia estar mais longe da realidade.
É muito bom cultivar as amizades entre crianças. Fortalece o sentido de partilha e de respeito pelo outro, para além, claro, da brincadeira sem fim. Ainda que o seu filho tenha aquele amigo muito bem comportado e excelente aluno, não estabeleça comparações entre ambos. Vai fazê-lo sentir-se inferior perante os outros e pode ser um sentimento que aumenta ao longo da vida. Aprenda a valorizá-lo com todas as qualidades e defeitos que tem.
Educar as crianças para seguirem os seus objetivos é uma coisa. Ensiná-los a verem apenas o resultado final e não a própria experiência é outra. Ao colocar toda a ênfase na vitória pode estar a educar adultos demasiado competitivos que não terão a capacidade para olhar para o momento como uma aprendizagem. Está a alimentar uma fonte de frustração que não é saudável. Gira de forma coerente os resultados, tendo sempre em mente que nas derrotas também se aprende (e muito).
Quando as crianças se portam mal, repreendê-las desta forma não acarreta nada de bom. O caminho é explicar-lhes o que fizeram de errado e porque não podem repetir. Incutir vergonha a uma criança que pode não ter ainda a perceção do certo e do errado pode ter consequências no adulto em que vai tornar-se.
Estas são as frases tóxicas a evitar a todo o custo. E, se já as disse, não as repita no futuro.
Texto de Ana Patrícia Cardoso | Fotografia Shutterstock
Os pais estão sempre a falar com os filhos. E isso é bom. Faz parte do processo educativo. O problema é quando lhes são incutidos preconceitos ou clichés que vão acompanhá-los para a vida. Sobretudo, em relação aos rapazes, a quem são ditas muitas vezes certas expressões que acabam por enraizar uma visão sexista ultrapassada.
As crianças ou adolescentes estão a ouvir. Estão a reter o que é dito e é importante ter cuidado com desabafos que lhes incutem ideias erradas sobre o que um homem ou uma mulher devem, ou não, ser.
Estas expressões podem também ter o efeito contrário. Muitas vezes, os miúdos criam resistência ao que lhes é incutido à força e revoltam-se contra o estabelecido pelos pais. Alertando para a importância da linguagem, que não deve ser ignorada na educação dos filhos, estas são algumas expressões que os miúdos nunca devem ouvir da sua boca.