
A alimentação é uma das áreas em que mais vezes o que hoje é verdade amanhã não é bem assim e vice-versa e isso é ligeiramente aborrecido. Por exemplo, anos e anos de «catequização» relativamente à importância de pequenos-almoços equilibrados e generosos, com a repetição frequente daquela máxima «pequeno-almoço de rei, almoço de príncipe e jantar de pobre», para depois esbarrarmos com estudos, notícias e artigos a dizer que afinal podemos até passar sem esta refeição. Em que ficamos, então? Fizemos essa e mais umas quantas perguntas à bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento. E ela respondeu.
Texto de Catarina Pires | Fotografia de iStock
Afinal, o pequeno-almoço é ou não é a mais importante refeição do dia?
Por ser a primeira refeição do dia, assume um papel particular, uma vez que a maioria das pessoas não ingere qualquer alimento durante cerca de 8 horas, desde a última refeição do dia anterior, até ao pequeno-almoço do dia seguinte.
Assim, após este jejum, esta refeição deverá assegurar o fornecimento ao organismo de energia e de nutrientes, contribuindo para o correto desempenho físico e intelectual e para um bom controlo do sistema de regulação do apetite e da saciedade.
A composição do pequeno-almoço deve variar consoante as necessidades de cada faixa etária.
De entre os benefícios do pequeno-almoço, destacam-se o aumento do nível de atenção, concentração, memória e desempenho escolar, muito relevantes para crianças e adolescentes.
Pequeno-almoço, em inglês (breakfast) significa “breaking the fast” isto é, quebrar o jejum, depois de uma noite de sono. A notoriedade do pequeno-almoço resulta da sua relevância na correta disponibilização da energia e de nutrientes necessários a um novo começo de dia.
Além disso, esta primeira refeição assume especial importância nas crianças e adolescentes dada a sua fase de crescimento e desenvolvimento, pelo que não devem ser privados ou não devem privar-se desta refeição.
De entre os benefícios do pequeno-almoço, destacam-se o aumento do nível de atenção, concentração, memória e desempenho escolar, muito relevantes nestas faixas etárias.
Assim, o dia alimentar deve começar com um bom pequeno-almoço, tomado de preferência na primeira meia hora após levantar, em casa, à mesa e em família e deverá corresponder a 20 a 25% do valor energético total.
O fracionamento e distribuição das refeições ao longo do dia está dependente das características individuais, do estilo de vida e das rotinas diárias, pelo que qualquer intervenção deve ter em conta estes condicionalismos.
Como explica, então, estes estudos e artigos a desvalorizar a sua importância?
Há que ter alguma reserva quando se interpretam estudos que apresentam limitações do ponto de vista metodológico e cujos resultados não podem ser diretamente extrapolados para a realidade nacional. Importa olhar para estes estudos com sentido crítico.
No caso do estudo publicado no British Medical Journal em janeiro último, que analisou o efeito do pequeno-almoço no peso e na ingestão energética, o próprio trabalho reforça a necessidade de se desenvolverem estudos de melhor qualidade que permitam esclarecer o papel que a ingestão do pequeno-almoço tem numa abordagem de perda de peso.
Há nutricionistas que defendem a concentração das refeições em oito horas do dia e fazer jejum nas restantes. Qual é a sua opinião?
Não existindo uma definição suficientemente estabelecida sobre o jejum intermitente, sabe-se que engloba períodos de ausência voluntária de ingestão de alimentos e bebidas, num determinado período de tempo.
A avaliação individualizada dos hábitos alimentares, bem como a prescrição alimentar equilibrada e ajustada ao estilo de vida e aos objetivos a atingir, pode ser feita com base em diferentes estratégias, sendo essencial a intervenção do nutricionista. Caberá a este profissional decidir e implementar a abordagem que melhor se adeque ao indivíduo em causa, sempre sustentada na evidência científica mais robusta.
Perder peso e fazer uma alimentação saudável (que são quase sempre os objetivos das dietas) podem não implicar o mesmo tipo de dieta?
O aparecimento de novas tendências alimentares ao nível das «dietas» coloca questões que se prendem com a (in)existência de evidência científica quanto à sua segurança para a saúde.
Estas «novas» dietas só poderão ser consideradas uma abordagem útil caso se comprove que estão devidamente sustentadas em evidência científica que ateste a sua eficácia e não resultem em riscos ou mesmo perigos para a saúde.
Dietas rápidas podem ser perigosas para a saúde e emagrecer com saúde significa perder peso de forma gradual, controlada e sustentável.
Para assegurar um emagrecimento com saúde, recomenda-se um acompanhamento por parte de um nutricionista. Dietas rápidas podem ser perigosas para a saúde e emagrecer com saúde significa perder peso de forma gradual, controlada e sustentável.
Para que a perda de peso tenha sucesso é importante que os objetivos definidos sejam realistas e atingíveis e que se baseiem nos princípios de uma alimentação saudável e equilibrada.
É, assim, de enorme importância, como já referi, o acompanhamento por parte de um nutricionista, de forma a garantir uma abordagem individualizada e a existência da intervenção nutricional mais adaptada a cada indivíduo, face às suas necessidades e características individuais.
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